quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Lembranças - 7ª parte

Ícaro entrou no carro e nem percebeu que alguém o observava de longe. Seguiu para casa, onde adormeceu depois de um longo e cansativo dia cheio de fortes emoções.
Na tarde seguinte, mais precisamente às 14 horas, Ícaro chegou ao hospital para acompanhar o depoimento que Léo daria para a polícia sobre o dia em que foi agredido. Quando chegou no quarto, o policial acabara de chegar e só o estava esperando para começar a recolher o depoimento de Léo.
- Bom, creio eu que podemos começar. - Disse o policial.
- Sim, senhor. - Disse Ícaro - Quero apenas dizer que minha presença aqui não vai interferir em nada que o Léo venha a dizer.
- Estou ciente disso. - Falou o polícial. - Pois então, quero que me conte tudo sobre aquele dia, inclusive sobre acontecimentos anteriores que possam completar a agressão física que você sofreu.
- Tudo bem, antes de ser agredido fisicamente por esses homens, eu fui agredido verbalmente pelos mesmos também quando saia da faculdade. - Disse Léo.
- Mas o senhor tem como provar que os mesmos que o agrediram fisicamente são os que te agrediram verbalmente em outra ocasião? - Perguntou o policial.
- Posso porque os reconheci quando vieram pra cima de mim e também que um deles, lá na faculdade, gritou que teria mais.
- Teria mais o que? - O policial começou a ficar intrigado.
- Ora, teriam mais agressões! - Disse Ícaro, interrompendo.
- Gostaria de lembrá-los que somente o senhor Leonardo pode responder as minhas perguntas.
- Me desculpe. - Falou Ícaro.
- Leonardo, o senhor confirma o que disse esse rapaz?
- Sim, senhor.
- Mas o senhor tem testemunhas dessa ameaça feita pelos acusados?
- Bom, tenho alguns colegas de faculdade que estavam por perto no momento em que me ameaçaram.
- E você pode me por em contato com seus amigos para que tome o depoimento deles?
- Sim, claro. Tudo para ver esses canalhas atrás das grades!
- Certo, continue contando o que aconteceu naquele dia.
- Tudo bem. Depois que sai da faculdade...
Léo descreveu para o policial todos os detalhes que aconteceram no dia em que foi agredido. Mas a parte que mais deixou o policial intrigado foi quando o rapaz mencionou o nome de Jacques e para completar o depoimento de Léo, Ícaro contou sobre a confissão que o velho fizera em sua galeria de arte.
- Mas o senhor, Ícaro, tem como provar a confissão desse tal de Jacques? - Questionou o policial.
- Bom, não gravei nem nada. Mas a minha galeria tem um sistema de monitoramento por câmeras de vídeo, não tem áudio mas acredito que alguém possa fazer a leitura labial e assim provar que o Jacques confessou ser o mandante da agressão ao Léo. - Disse Ícaro. - Podemos marcar de pegar esse registro na empresa de vigilância quando o senhor quiser. - Completou.
- Podemos ir na empresa de vigilância logo após sair do hospital. - Afirmou o policial.
No momento em que conversavam, o médico que cuidava do caso de Léo entrou no quarto para fazer uma última observação e em seguida, poder dar alta ao jovem. Fora algumas escoriações que ainda estavam presentes no rosto de Léo, o mesmo não corria mais nenhum tipo de perigo e poderia ir para casa. O policial resolveu aguardar Léo e Ícaro fora do quarto enquanto ambos conversavam alguns minutos mais.
- Sabe de uma coisa, Léo?
- O que?
- Acho que enfim vamos poder voltar a ter paz em nossas vidas.
- Sim, Ícaro, também acredito nisso.
- Bom, vamos sair e encontrar o policial. - Disse Ícaro.
O casal saiu do quarto, mas não avistou o policial e resolveram perguntar para a enfermeira que estava atrás da recepção.
- O policial saiu correndo dizendo que recebeu um chamado para um ocorrência e falou para vocês irem para casa que depois os procura. - Disse a enfermeira.
- Estranho isso, mas se ele disse, vamos para a casa. - Disse Léo, usando uma muleta devido a perna que estava quebrada.
Ícaro e Léo saíram do hospital e entram no carro para irem pra casa. Novamente não perceberam que alguém os observava. Dessa vez o estranho observador resolveu segui-los num táxi. Enquanto entravam no prédio em que moravam, o misterioso homem os observava com expressão de curiosidade.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Lembranças - 6ª parte

Quando estava indo, com raiva, na direção de Jacques, Ícaro teve toda sua vida ante seus olhos. Sua criação, o relacionamento com a família, a descoberta da homossexualidade, o primeiro beijo, o dia em que conheceu Léo e o casamento com o amado. Foi quando ele percebeu que não adiantaria coisa alguma agredir fisicamente Jacques. Ícaro parou a poucos centímetros do homem.
- Escute, um programa infantil me ensinou que a vingança nunca é plena porque mata a alma e a envenena, por isso não vou fazer nada com você!
- Eu já esperava isso! - Disse o homem. - Você sempre foi fraco, nunca consegui fazer nada direito!
- Disse que Eu não vou fazer coisa alguma contra você. Quem vai fazer é a polícia! - Disse Ícaro. - Não vou sujar as minhas mãos com alguém como você. E para finalizar a nossa conversa - Completou. - Pegue tudo o que for seu que esteja aqui na minha galeria e esqueça que um dia você teria sua exposição aqui.
- Você está louco! O cancelamento da minha exposição vai trazer um enorme prejuízo para você!
- Não me importo com isso! Me importo com a pessoa que eu amo e que está no hospital por causa da sua inveja doentia!
- Ícaro, pense bem. O cancelamento também vai trazer prejuízos!
- Você pensou bem antes de mandar que agredissem o Léo? Seu estado, agora, é o maior prejuízo que eu possa ter algum dia!
Jacques ficou calado e resolveu sair.
- Amanhã mando minha equipe aqui para recolher tudo!
- Assim espero!
Logo após Jacques sair, Ícaro não se conteve e começou a chorar. Não sabia o que fazer, não sabia a quem recorrer. Só sabia que o amor que sentia por Léo ficara ainda mais forte.
Algumas horas depois, Ícaro, já recuperado da briga com Jacques, voltou ao hospital para contar a Léo o que acontecera mais cedo na galeria.
- Não é possível! - Léo estava espantado. - Ele é muito atrevido em dizer essas coisas!
- Pois foi isso mesmo o que aconteceu. - Disse Ícaro. - Mas não se preocupe, já tomei as providências cabíveis e por falar nisso, um policial ou coisa do tipo virá amanhã a tarde para tomar o seu depoimento, tudo bem?
- Claro, faço questão de contar tudo o que aconteceu e mandar aquele entojado para a cadeia!
- Mas agora, querido, deixe esse assunto de lado e descanse. O médico me disse que deve te dar alta amanhã logo após a vinda do policial.
- Tudo bem, estou cansado mesmo. Vou dormir um pouco. Amanhã nos vemos! - Disse Léo, adormecendo em seguida.
Ícaro beijou-lhe a testa e saiu logo em seguida. Enquanto caminhava até o carro, pensava no quanto era sortudo em ter uma pessoa como Léo ao seu lado. Pensou também na possibilidade de solução para os acontecimentos recentes. Finalmente poderá descansar.
Enquanto entra no carro, uma pessoa o observava de longe. Quem seria o seguidor de seus passos?

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Lembranças - 5ª parte

O telefonema que acabara de receber do hospital deixou Ícaro num estado de nervosismo como ele jamais havia ficado e por isso resolveu pegar um táxi, ao invés de dirigir. No caminho até o hospital, Ícaro ficou pensando no que poderia ter acontecido com Léo. A agressão por parte dos rapazes que os estavam perseguindo foi a primeira coisa na qual ele pensou.
- Deveríamos ter contratado um advogado ou acionado a polícia! - Pensou. - Eu sabia que isso aconteceria a qualquer momento! Nunca vou me perdoar por não ter feito nada.
Alguns minutos depois, Ícaro chegou ao hospital e já foi direto procurar saber aonde estava Léo.
- Calma, senhor. O Leonardo chegou aqui bastante ferido, com hematomas no peito e escoriações no rosto. Seus machucados faciais tiveram que ser suturados, mas agora ele está em repouso num dos quartos do hospital, o 312. - Disse a enfermeira.
- Obrigado, moça.
Ícaro saiu em disparada para o quarto onde estava Léo. Chegando lá, respirou fundo, bateu na porta e entrou. Na hora em que viu o estado em que se encontrava Léo, não se conteve e novamente começou a chorar.
- Como isso foi acontecer, meu querido?! - Disse soluçando.
- Ícaro, foram eles. Aqueles caras me espancaram quando estava saindo do estágio. - Disse Léo com muita dificuldade. - E o pior de tudo é que eu descobri que realmente um de nossos amigos nos traiu e contou a eles sobre nós.
- Mas quem foi o infeliz? - Ícaro parou de chorar e começou a ficar vermelho de raiva.
- Foi o Jacques.
- Mas como o Jacques? Ele não fere nem uma mosca!
- Não sei explicar o porque só sei que eu estava andando na rua quando o encontrei. No que eu fui para cumprimentá-lo, ele disse: "Um deles está aqui.". Os caras vieram na mesma hora pra cima de mim. Depois disso, só me lembro de ter acordado aqui no quarto do hospital.
A cada palavra de Léo, Ícaro ficava numa mistura de tristeza e raiva. O suor da raiva se misturava com as lágrimas da tristeza.
- Não é possível! Não é possível! Aquelas pessoas, inclusive o Jacques, vão pagar por cada coisa que fizeram a você e a nós! - Ícaro se exaltou.
Após se acalmar um pouco, Ícaro deitou ao lado de Léo e o apertou na mão.
- Não existe nada no mundo que possa nos separar, amor. Podem nos agredir, nos xingar, que nada vai fazer com que deixemos de nos amar.
- Eu sei, meu querido. Eu sei.
Aos dois adormeceram como sempre fazem, um com a cabeça no peito do outro e de mãos dadas. Por volta das 3 horas da manhã, Ícaro acordou com a enfermeira empurrando-lhe o braço.
- Senhor, vou injetar um medicamento no paciente e preciso que o senhor saia. - Disse a enfermeira.
- Sim, claro.
- O senhor está cansado, porque não vai para a casa descansar e amanhã volta? Já viu que ele não corre perigo.
- Você tem razão. Quando o Léo acordar, diga a ele que eu volto a tarde. Vou aproveitar e resolver um assunto na parte da manhã.
- Como quiser.
Ícaro deu um beijo na testa de Léo, saiu e foi pra casa. Já estava claro quando chegou à galeria na intenção de encontrar Jacques. Como não o encontrou, resolveu telefonar para ele marcando um encontrar para tratar de assuntos pertinentes aos dois. Alguns minutos depois, Jacques chegou à galeria.
- Bom dia, meu querido Ícaro! Como tem passado? - Disse.
- Cretino. Porque não pergunta como o Léo está no hospital? - Ícaro levantou a voz.
- Não entendo o que está falando.
- Não se faça de besta, eu já sei que você que contou para os caras que perseguiam o Léo sobre o nosso relacionamento e já sei que você mandou que esses mesmos caras o agredissem!
- É verdade! Eu fiz isso tudo e não me arrependo. Só me arrependo de não ter levado os rapazes para o seu apartamento para te baterem também!
O tom da conversa foi aumentando.
- Porque fez isso, Jacques? O que o Léo fez pra merecer isso? O que eu fiz para merecer a sua traição? - Perguntou Ícaro começando a ficar com os olhos cheios d'água.
- Porque a vidinha perfeita de você me enoja!
- Vidinha perfeita? Assim como todos, também temos os nosso problemas. Contas, dívidas e coisas do tipo. A única perfeição do nosso relacionamento é o amor que nos une, que é forte e infinito.
- Mas vocês não precisam ficar esfregando isso na cara de todo mundo, todos os dia! - Disse Jacques.
Quando Jacques acabou de falar, Ícaro foi ficando cada vez mais vermelho de raiva, até que não aguentou e partiu para cima do pobre homem.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Lembranças - 4ª parte

Após ser, também, vítima de homofobia, Ícaro começou a pensar em como os rapazes homofóbicos descobriram sobre seu relacionamento com Léo.
- Nós nunca fomos vistos juntos na faculdade. - Disse Léo.
- Eles também não podem ter ido à galeria. - Completou Ícaro.
- Será que algum de nosso amigos mais próximos os conhecem e contou sobre nós dois?- Perguntou Léo.
- Não acredito que fomos traídos por algum amigo. Nenhum deles teriam semelhante atitude. - Afirmou Ícaro.
- Não seria melhor procurarmos um advogado?
- É uma alternativa, mas não creio que a situação vá ficar pior. São apenas adolescentes sem ter o que fazer, Léo.
- Sim, mas são adolescentes como esses que matam e ferem homossexuais como nós.
- Você deve estar certo. Mas antes de procurarmos um advogado devemos ter certeza de que fomos traídos por um de nossos amigos. Mataremos dois coelhos uma só cajadada: os preconceituosos e o traidor, que pode vir a ser o mandante de um possível crime.- Disse Ícaro com um tom de voz bastante intrigado, e preocupado.
Antes de se deitarem, Ícaro e Léo decidiram que iam, no dia seguinte, prestar mais atenção na expressão de seus amigos para ver se descobrem algo. Toda essa situação fortalecia ainda mais o amor que um sentia pelo outro. O sentimento de união e cumplicidade estava mais forte do que nunca, pois sabem que para enfrentar o preconceito e a traição terão que se unir como nunca foram antes.
Ao chegar na galeria Ícaro surpreendeu-se com a presença de Jacques, que não tinha o costume de chegar tão cedo em qualquer lugar que fosse.
- O que foi, colocaram escorpiões na sua cama? - Brincou.
- Pode rir o quanto quiser, meu jovem, mas hoje acordei com uma enorme vontade de trabalhar, botar meus sentimentos para fora. - Disse Jacques como se estivesse interpretando um personagem de Shakespeare.
- Seja como for, Jacques, mas hoje você não tem o que fazer aqui na galeria.
- Como não?! Se o dia da minha exposição está próximo?!
- Sim, claro, mas acontece que só faltam alguns serviços internos e disso cuido eu e minha equipe.
- Como pode um rapaz novo como você ser tão respondão? - Bradou o homem.
- Jacques, você pode ficar aqui na galeria só que não vai ter o que fazer.
- Tudo bem, eu vou embora.
A presença de Jacques na galeria, tão cedo e com os preparativos de sua vernissage quase finalizados, deixou Ícaro um pouco desconfiado.
Na faculdade, Léo ficou atento a qualquer atitude suspeita que um de seus amigos pudesse ter, só que não conseguia imaginar se algum deles falou para os rapazes preconceituosos sobre seu relacionamento com Ícaro.
- Não é possível que algum de meus amigos tenha me traído. Não quero nem pensar que isso tenha realmente acontecido, mas se aconteceu a pessoa vai pagar caro pelo que fez. - Pensou, enquanto seu professor falava muito mas não dizia nada.
No intervalo entre uma aula e outra, Léo contou toda a situação para Júlia que ficou perplexa com o que ouviu.
- Vocês tem que fazer alguma coisa. Esses caras não podem continuar ameaçando você e agora, o Ícaro! - Disse Júlia.
- Ícaro e eu pensamos na possibilidade de algum amigo nosso ter contado a esses vermes sobre o nosso relacionamento e antes de ir a um advogado nos prevenir de possíveis ataques, vamos descobrir que é esse traidor. Ícaro vai ficar de olho nas pessoas que frequentam a galeria e eu fico de olho aqui na faculdade.
- Não acho que isso seja necessário. Continuo achando que você devem apenas ignorá-los.
- Julinha, se a gente deixar isso pra lá, eles podem fazer algo pior.
Mais tarde naquele dia, Léo foi para o estágio e Ícaro foi para a casa. Já era tarde da noite e Léo ainda não chegara em casa, o que preocupava Ícaro. Após algumas tentativas frustradas de ligar para o celular do amado, Ícaro recebeu uma ligação de um número que ele não conhecida. Uma mulher falava no outro lado da linha.
- Boa noite. O senhor é o Ícaro?
- Sim, sou. Quem gostaria?
- Meu nome é Edith e eu estou ligando do Hospital Municipal. Sinto muito mas tenho que lhe dizer que Leonardo deu entrada na Emergência do hospital.
- Como assim?! O que aconteceu com ele? - Disse Ícaro levantando a voz, tamanha era a sua preocupação.
- O homem que o trouxe disse que o viu sendo agredido por um grupo de rapazes, mas não soube dizer qual o motivo da agressão. Gostaríamos de pedir ao senhor que viesse para cá o mais depressa possível.
- Claro que vou! Obrigado!
Ícaro desligou o telefone, em prantos, e saiu correndo para o hospital.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Lembranças - 3ª parte

Ao chegar em casa, depois de ter sido vítima de preconceito, Léo colocou seu material na mesinha de centro da sala de estar e se sentou numa poltrona, ficando pensativo por alguns instantes até Ícaro sair do quarto.
- O que foi, amor? Perguntou.
- Ah, Ícaro, hoje quando voltava da faculdade, uns caras passaram de carro e me xingaram de várias coisas. Isso nunca aconteceu comigo.
- Não fique assim, querido. Já foi provado que a homofobia é resultado da repressão da própria homossexualidade. - Disse Ícaro.
- Você jura?
- Claro! Eu nunca mentiria para o amor da minha vida.
Ao terminar de falar, Ícaro pegou pelo braço de Léo e o levou para o quarto, onde fizeram amor por algumas horas.
Na manhã seguinte, Ícaro e Léo saíram para suas respectivas atividades após um delicioso café da manhã encomendado na confeitaria mais famosa da cidade para comemorar o aniversário do dia em que se conheceram.
Quando chegou na faculdade, Léo avistou um grupo de amigos e começou a caminhar até eles. Mais ou menos na metade do caminho até os amigos, Léo também avistou os rapazes que o xingaram no outro dia. No momento que olhou para os rapazes, os mesmos também o viram.
- Olha lá, gente, o viadinho do outro dia! - Disse um deles.
- Vai ter mais, boiola! É só você esperar! - Gritou outro.
Léo se aproximou dos amigos.
- Não aguento mais esses caras! Ontem eles me xingaram na rua e agora eu descubro que eles estudam na mesma faculdade que eu!
- Léo, é só ignorar que eles param. - Disse Júlia, uma amiga. - Se você demonstrar que fica bravo, que entra na pilha, eles não vão te deixar em paz.
- Sim, Júlia, só que temo pela minha vida e também pela vida do Ícaro. - Disse.
Toca o sinal. Léo e seus amigos sobem para a aula. Enquanto isso, Ícaro preparava a vernissage de um famoso pintar da cidade, Jacques Claude, que na verdade se chamava Túlio Guerra. Ícaro e Jacques comentavam sobre um quadro de tinta a óleo quando resolveram sair para almoçar. Ao se virar para trancar a porta da galeria, Ícaro se deparou com uma pichação que dizia: "PRO SEU BEM, NÃO DEFENDA A SUA LAIA!"
- Mas quem seria o mentecapto que escreveu isso na parede de sua galeria? - Disse Jacques forçando em vão um sotaque francês.
- Acredita se eu disser que nem imagino? - Indagou Ícaro.
Mais tarde, após o trabalho e a faculdade, Léo e Ícaro resolveram se encontrar num PUB no centro da cidade para discutir alguns assuntos relacionados ao apartamento.
- Então fica assim, eu pago a conta de luz e de água e você paga a conta de telefone. Pode ser? - Perguntou Léo.
- Sim, sim. Amor, hoje quando estava saindo para almoçar com o Jacques vi que a parede da galeria estava pichada com uma frase dizendo que para meu bem não devo defender a minha laia. - Disse Ícaro. - Que poderia ter cometido tal barbaridade?
- Eu tenho um palpite. - Falou. - Podem ter sido os mesmos caras que me xingaram no outro dia e que tive a infelicidade de descobrir que eles estudam na mesma faculdade que eu. - Afirmou Léo.
- Mas como você pode ter tanta certeza disso?
- É que logo após vê-los no pátio da faculdade, um deles gritou para mim algo como que a manifestação de preconceito deles não acaba por aqui. - Afirmou Léo, já com a testa toda suada de preocupação.
Ícaro ficou pensativo na mesma hora. Será que além de seu namorado, ele também seria vítima de preconceito? Como esses rapazes da faculdade descobriram sobre o relacionamento dos dois?