quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Lembranças - 3ª parte

Ao chegar em casa, depois de ter sido vítima de preconceito, Léo colocou seu material na mesinha de centro da sala de estar e se sentou numa poltrona, ficando pensativo por alguns instantes até Ícaro sair do quarto.
- O que foi, amor? Perguntou.
- Ah, Ícaro, hoje quando voltava da faculdade, uns caras passaram de carro e me xingaram de várias coisas. Isso nunca aconteceu comigo.
- Não fique assim, querido. Já foi provado que a homofobia é resultado da repressão da própria homossexualidade. - Disse Ícaro.
- Você jura?
- Claro! Eu nunca mentiria para o amor da minha vida.
Ao terminar de falar, Ícaro pegou pelo braço de Léo e o levou para o quarto, onde fizeram amor por algumas horas.
Na manhã seguinte, Ícaro e Léo saíram para suas respectivas atividades após um delicioso café da manhã encomendado na confeitaria mais famosa da cidade para comemorar o aniversário do dia em que se conheceram.
Quando chegou na faculdade, Léo avistou um grupo de amigos e começou a caminhar até eles. Mais ou menos na metade do caminho até os amigos, Léo também avistou os rapazes que o xingaram no outro dia. No momento que olhou para os rapazes, os mesmos também o viram.
- Olha lá, gente, o viadinho do outro dia! - Disse um deles.
- Vai ter mais, boiola! É só você esperar! - Gritou outro.
Léo se aproximou dos amigos.
- Não aguento mais esses caras! Ontem eles me xingaram na rua e agora eu descubro que eles estudam na mesma faculdade que eu!
- Léo, é só ignorar que eles param. - Disse Júlia, uma amiga. - Se você demonstrar que fica bravo, que entra na pilha, eles não vão te deixar em paz.
- Sim, Júlia, só que temo pela minha vida e também pela vida do Ícaro. - Disse.
Toca o sinal. Léo e seus amigos sobem para a aula. Enquanto isso, Ícaro preparava a vernissage de um famoso pintar da cidade, Jacques Claude, que na verdade se chamava Túlio Guerra. Ícaro e Jacques comentavam sobre um quadro de tinta a óleo quando resolveram sair para almoçar. Ao se virar para trancar a porta da galeria, Ícaro se deparou com uma pichação que dizia: "PRO SEU BEM, NÃO DEFENDA A SUA LAIA!"
- Mas quem seria o mentecapto que escreveu isso na parede de sua galeria? - Disse Jacques forçando em vão um sotaque francês.
- Acredita se eu disser que nem imagino? - Indagou Ícaro.
Mais tarde, após o trabalho e a faculdade, Léo e Ícaro resolveram se encontrar num PUB no centro da cidade para discutir alguns assuntos relacionados ao apartamento.
- Então fica assim, eu pago a conta de luz e de água e você paga a conta de telefone. Pode ser? - Perguntou Léo.
- Sim, sim. Amor, hoje quando estava saindo para almoçar com o Jacques vi que a parede da galeria estava pichada com uma frase dizendo que para meu bem não devo defender a minha laia. - Disse Ícaro. - Que poderia ter cometido tal barbaridade?
- Eu tenho um palpite. - Falou. - Podem ter sido os mesmos caras que me xingaram no outro dia e que tive a infelicidade de descobrir que eles estudam na mesma faculdade que eu. - Afirmou Léo.
- Mas como você pode ter tanta certeza disso?
- É que logo após vê-los no pátio da faculdade, um deles gritou para mim algo como que a manifestação de preconceito deles não acaba por aqui. - Afirmou Léo, já com a testa toda suada de preocupação.
Ícaro ficou pensativo na mesma hora. Será que além de seu namorado, ele também seria vítima de preconceito? Como esses rapazes da faculdade descobriram sobre o relacionamento dos dois?

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