terça-feira, 29 de junho de 2010

Meu melhor amigo

Não passa desapercebida
Esta verdade singular
Eu tiver que carregar
Comigo toda a vida.


Verdade incontestável
Que com roupas de egoísmo
Se disfarça de heroísmo;
Pois tem que haver paciência
Para livrar a existência
Carregando o elegantismo.


Em nenhum momento deixo
De ser eu minha companhia.
Eu olho dia após dia
ao mesmo homem no espelho.


Talvez um pouco mais velho
E um pouco mais enrrugado
Mais inútil, mais cansado,
Mais surdo, mais sonolento,
Mais distraído, mais lento;
Em resumo, mais usado.


Mas há algo singular
Dentro desta situação
O costume da ocasião
Para contemporizar.


Mas ele há de confessar
Que de tanto viver comigo
Justifica o que hoje eu digo
Na forma de confidência:
Que na força da convivência
Eu sou meu melhor amigo.


Poema do mestre Roberto Bolaños (Chespirito), traduzido e adaptado

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